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3 de maio de 2022

Ser criança ou ser melhor?

A necessidade que o adulto tem de incutir numa criança a ideia de ser a melhor (entenda-se por melhor a definição comummente aceite e uniforme de sucesso), num claro reflexo do já conhecido, não só condiciona o crescimento da criança como a direciona num caminho formatado que cria barreiras a que cada criança tenha dela e traga até nós a sua perceção, que pode ou não ser semelhante àquela onde ela nasceu e cresce. Ao invés, é exatamente ao permitir que a diferença da criança se possa afirmar nela mesma, que então ocorrerá o verdadeiro sucesso dessa criança e a evolução dos que a circundam.
É impressionante a capacidade que o adulto tem de reduzir a vivência de uma criança, e por conseguinte a sua aprendizagem, a uma classificação numa folha de papel vazia de qualquer emoção mas que tantas emoções destrói.
O trabalho não se esgota na etapa para o qual trabalhámos, pois é precisamente depois desse fim que recolhemos a verdadeira aprendizagem - aquela que ficou para nós e para os outros - aquela que verdadeiramente ficou.
Talvez as guerras não sejam alheias ao resultado de mentalizarmos cada criança para que tem ser a melhor, a primeira, o epíteto da perfeição, o exemplo de… coisa nenhuma - uma criança deve ser ela própria e permitir-se conhecer antes de qualquer modelo que lhe queiram impor para mordaça do seu eu.
Deixemos as crianças serem crianças.